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Blog dedicado aos amigos a para aqueles que querem conhecer um pouco de Angola, um país hospitaleiro e em franca expansão!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Matando os ratos


Aqui em Angola muitas vezes observo vendedores - os zungueiros - vendendo ratoeiras semelhantes a da foto acima em meio aos carros parados no infernal congestionamento que é rotina em Luanda.

Hoje, por curiosidade, perguntei ao motorista se aqui não existiam outros modelos de ratoeira, como aquelas que comumente usamos no Brasil, que acertam o rato com uma aste de ferro. A resposta dele foi que os ratos daqui conseguem levar aquelas ratoeiras embora e por isso a ratoeira gaiola é melhor.

Continuando o papo perguntei como é que eles matavam os ratos pegos na ratoeira gaiola, pois são apanhados vivos. Foi nesse momento que me supreendi e suportado pela amizade que temos me permiti rir da resposta. Imaginei que dariam uma paulada no rato, que afundassem na água ou qualquer outra coisa, no entanto ele fez o seguinte relato.

" _ Não dá pra bater no rato porque ele escapa, então a melhor forma é colocar a ratoeira no fogão."

"_ Fogão", indaguei eu!

" _ Sim, coloca-se no fogo e o rato vai ficando louco e corre em circulos dentro da ratoeira, até que quando vê que não há saída se entrega e morre, fica bem morto mesmo! "

Foi muito engraçado e segundo ele o cheiro de rato queimado na casa nem fica tão forte.
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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Paludismo


Aqui em Angola a malária é conhecida como Paludismo. Trata-se de uma doença mortal transmitida de uma pessoa para outra pela fêmea do mosquito do gênero Anopheles, cuja picada dissemina um parasita unicelular denominado Plasmódio. O Paludismo ainda é comum em países pobres e causa anualmente cerca de 300 milhões de casos graves e 100 milhões de mortes. Noventa por cento destas mortes acontecem na África subsaariana e as crianças são as maiores vítimas, pois o Paludismo mata uma criança Africana a cada 30 segundos.

Duas semanas atrás, infelizmente, experimentei das sensações do Paludismo.
Num domingo a noite, ao deitar, percebi o início de dor de cabeça que me impedia de pegar no sono. O tempo passou, a dor de cabeça continuou até que o cansaço foi maior e me levou ao sono. Ao acordar de manhã a dor de cabeça persistia, no entanto nada que me afastasse de minhas atividades normais.
Passou a segunda-feira e ao final do dia tive que antecipar minha saída do trabalho, indo pra casa lá pelas 17:30. Nesse ponto as dores no corpo já se somavam a dor de cabeça. O trabalho em frente ao computador já estava sofrível por conta das fortes dores na coluna que não me permitiam permanecer sentado muito tempo.

Até aí eu não havia ligado os sintomas a Paludismo, pois imaginei que as dores na coluna poderiam ser em virtude de má postura e passei a me policiar em relação a isso. Ao chegar em casa a cama foi o endereço, o descanso foi benéfico e adormeci.

Na terça-feira as coisas estavam piores. Dor de cabeça, dores no corpo, falta de apetite, calafrios e febre já eram percebidos. Nesse ponto eu já comecei desconfiar da Malária, embora colegas de trabalho duvidassem porque eu não tinha vômitos - que são sintômas comuns - e porque eu ainda trabalhava e estava " de pé", coisa não comum quando o Paludismo ataca.

As Dez da manhã estava mal e decidi ir ao médico. Chegando na clínica, antes mesmo de solicitar consulta, pedi pra fazer o teste (custo 19 dólares). Trata-se de coleta de pequena quantidade de sangue fazendo um pequeno furo na ponta do dedo e análise deste conteúdo para identificação do Plasmódio. Uma hora e meia depois estava eu com o resultado positivo, eram 5 por campo. Vale ressaltar que pra uma pessoa que nunca teve a doença isso é uma contaminação considerável, já para o pessoal local que convive com isso desde o nascimento a resistência do corpo é maior. Segundo um colega ele tem os 5 por campo a qualquer tempo e nele isso significa pequenas crises de dor de cabeça e mais nada. Outro colega Angolano se abateu com o Paludismo quando a contaminação chegou a 40 por campo.

Pois bem, em mim os 5 por campo já eram demais! Todos os sintômas descritos acima, mais de 38 de fébre e pressão a 10 por 8 judiavam. Com o exame na mão marquei uma consulta ( 73 dólares) e o médico me receitou um coquetel prórpio para Paludismo. Trata-se de comprimido específico para paludismo que deve ser ingerido durante 3 dias ( 4 comprimidos 2 vezes ao dia), somado a isso vitaminas do complexo B e paracetamol para aliviar os sintomas.

Uma semana depois voltei ao médico, fiz um novo exame (mais 19 dólares) e pra nossa surpresa (minha e do médico) eu ainda tinha 2 por campo. Foi algo que deixou ele mais espantado que eu, pois eu ainda sentia dores, febre, falta de apetite, etc e sabia que as coisas não estavam bem. O médico perguntou se eu havia feito a medicação correta e eu respondi que sim. Notei que ele ficou intrigado e aí eu comecei a me intrigar, pois aquele remédio era o mais eficiente para combater a doença. Se essa medicaçãonão havia sido eficaz, o que fazer?

Pra minha sorte o médico, Dr. Julio, é muito experiente e me receitou outro medicamento que deveria ser tomado em uma única vez, 3 comprimidos. Voltei pra casa, mediquei e 5 dias depois estava eu de volta a clínica pagando mais 19 dólares pra fazer o exame e mais 45 dólares por nova consulta. Ainda sentia dores de cabeça, mais felizmente o resultado foi negativo.

Foram dias difíceis e a quem estiver em área de contaminação eu aconselho a se proteger dos mosquitos e, ao menor sinal destes sintômas, procurar um especialista.
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